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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como contratar e engajar jovens?

Especialistas falam sobre o que os jovens de hoje buscam nas empresas, quais são os seus desejos e o que fazer para retê-los
Amanda Camasmie
Shutterstock
Jovens precisam de empresas que deem algum sentido para as suas vidas
É difícil contratar jovens. Mesmo empresas especializadas em recrutamento e seleção encontram obstáculos para conseguir fazer a contratação certa. “Atendemos mais de 50 empresas e temos pelo menos 4 mil posições disponíveis que talvez não sejam fechadas. Não é fácil contratar jovens com o perfil que as companhias solicitam”, afirma Sofia Esteves, fundadora e presidente do Grupo DMRH, em palestra promovida pela Endeavor nesta quarta-feira (19/10).
A dificuldade em reter os talentos é tão grande ou maior do que a de contratar. Isso porque nem sempre os jovens se sentem desafiados e engajados. Mas o que é estar engajado? “É estar conectado a uma causa. Profissionais cada vez mais querem empresas que deem algum sentido para suas vidas”, diz Rogério Chér, ex-diretor corporativo de RH da Natura, também palestrante convidado da Endeavor.
Com tamanha dificuldade, algumas dicas podem ser valiosas para diminuir o risco de erro. Veja o que dizem Sofia Esteves e Rogério Chér.
O que os jovens mais buscam nas empresas

1) Desenvolvimento profissional – Eles não querem fazer sempre a mesma coisa. É preciso mostrar ao jovem que ele tem possibilidade de crescimento dentro da empresa.

2) Desafios – No início de carreira, o profissional quer provar aos outros e a ele mesmo do que é capaz. Por isso, é preciso oferecer desafios constantemente.

3) Boa imagem no mercado – Isso não quer dizer que você precisa ser uma empresa famosa. Os profissionais querem saber se você tem credibilidade e ética e o que está por trás do nome da sua empresa. A sua companhia está envolvida em algum escândalo?

4) Bom ambiente de trabalho – O jovem quer ser respeitado como ele realmente é. Não quer ser um ator no trabalho e esperar chegar em casa para poder ser ele mesmo. Ele quer falar o que pensa e se sentir realmente parte da empresa. Um ambiente que respeita a diversidade contará muitos pontos.

5) Carreira internacional – Não é necessário trabalhar no exterior. O jovem de hoje não quer abrir mão de seus vínculos afetivos. Ele quer oportunidade para viajar por curtos períodos de tempo, para feiras, workshops e eventos que agreguem na sua carreira.

Como atrair jovens talentos

1) Cuide primeiro do seu quintal - 22% dos jovens procuram uma empresa por conhecerem uma pessoa que trabalha ou trabalhou nela. Portanto, antes de valorizar os profissionais do mercado, valorize os que já trabalham com você. Eles serão a sua melhor e mais verdadeira propaganda.

2) Valores e crenças – Sustentabilidade, responsabilidade social, reconhecimento no segmento, qualidade do produto, conduta ética e clientes como razão de ser serão pontos favoráveis para sua empresa.

3) Tradição – Organizações com tradição no desenvolvimento de pessoas também são alvo dos jovens. Não há mais modismo de segmentos de atuação como no passado, eles querem apenas uma empresa legal para trabalhar.
4) Apareça – Divulgue suas vagas em redes sociais, blogs, site da empresa, feiras de recrutamento e universidades.


Qual a melhor forma de selecionar

1) Triagem de pré-requisitos – O que a sua empresa busca em um profissional? O que será realmente necessário no dia a dia da empresa? Ele precisa realmente ser fluente em inglês ou ter uma pós-graduação? Verifique se você não está colocando pré-requisitos apenas para atender ao “modismo” do mercado. O mais importante para fazer essa escolha será compreender se esse jovem realmente se adaptará à sua cultura organizacional.

2) Currículo escolar – Algumas empresas levam em conta o histórico escolar do candidato. “Para entrar no Google, por exemplo, o candidato precisa ter pelo menos média 8”, diz Sofia Esteves. Mas isso nem sempre é o mais importante. Alunos nem tão brilhantes podem ser excelentes profissionais.

3) Dinâmicas de grupo – Trazer situações da realidade da empresa pode ser um bom termômetro para verificar se o candidato está apto para a vaga.

4) Entrevistas – É, é claro, olhar nos olhos e entender o porquê do candidato estar ali é essencial. Uma das perguntas que o jovem deve saber responder é: quem é você fora do trabalho e das suas atividades profissionais? Se ele tiver um bom autoconhecimento isso pode deixar mais claro se ele será peça-chave para sua empresa.

Como engajar talentos e retê-los?

1) Liderança – Jovens precisam de espelhos, de referências. “43% dos jovens dizem não ter nenhum líder para se inspirar”, afirma Sofia Esteves.
2) Conversar – É preciso dedicar um bom tempo de conversa. Dar feedback e sempre passar todas as informações que dizem respeito ao trabalho.

3) Desacelerar a ansiedade – Os jovens querem crescer cada vez mais rápido e nem sempre têm paciência para esperar uma promoção – logo fogem. Mas nem sempre o profissional está preparado, então promovê-lo rapidamente pode trazer frustração para ambas as partes. É por isso que é preciso focar no segundo ponto: conversar e entender o porquê ele quer seguir em frente e explicar os motivos de isso não acontecer no momento que ele deseja.

4) Valorizar – Alguns profissionais mais velhos às vezes desvalorizam os mais jovens. Acreditam que só eles podem ensinar e nada têm a aprender com eles. Insistir nesse erro é desistir da retenção. “Jovem adora ouvir que o chefe não sabe de alguma coisa. Ele quer, muitas vezes, que o líder se coloque ao lado dele e o incentive a buscar junto uma solução para o problema. Isso faz com que ele se sinta importante. Ninguém quer um super-herói”, diz Sofia Esteves.

5) Controle – Apesar de querer crescer rapidamente, quando o jovem entra na empresa ele não pode ter uma sensação inicial de ansiedade e excitação. Ele precisa ter a percepção de que está no controle, para se sentir seguro. “Após essa etapa, você precisará dar algumas pitadas de ansiedade para que ele sinta que está evoluindo e não estagnado”, diz Rogério Chér.

6) Bem-estar – As empresas precisam se preocupar genuinamente com o bem-estar do funcionário. Pode parecer clichê, mas isso nem sempre é uma realidade.

7) Confiança – É preciso dar oportunidade para o risco, para poder mudar as regras do jogo. Empresas aristocráticas não são assim, elas cumprem rituais e não gostam de conflito. “Se funcionários de uma empresa aristocrática estiverem em um cenário como o do World Trade Center e enxergarem o avião chegando, eles vão terminar a reunião antes de tomar qualquer atitude, porque eles não fogem do protocolo”, afirma Rogério Chér.

8) Justiça – Sem o senso de justiça não há engajamento. As políticas de RH precisam ser claras e as promoções precisam ser transparentes.
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