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O acesso à banda larga e os eletrônicos mais baratos têm provocado uma revolução cultural na periferia das grandes cidades brasileiras
SÃO PAULO – Banda larga e eletrônicos baratos têm levado a tecnologia e a internet aos bairros periféricos de cidades brasileiras. O tema foi discutido durante o evento InfoTrends, que acontece em São Paulo. Noi painel "A comunidade cai na rede e ganha voz", o foco foi o modo como as classes C, D e E têm mergulhado no mundo digital.
A mesa foi mediada por Katia Militello, diretora de Redação da revista INFO. "O barateamento do hardware e da tecnologia é um fenômeno mundial. Isso mudou o panorama da periferia, e não só no Brasil", disse Leandro HBL, cineasta responsável pelo projeto Guetos Digitais. O remix tornou-se uma tendência e há total liberdade criativa.
Instituições governamentais e empresas têm extrema dificuldade para entender esse público, aceitá-lo e conversar com ele. "Não é chegar e botar o menino para tocar violino, que é o que faz o governo", afirmou Renato Barreiros, roteirista e pesquisador. "Parece que o que eles fazem não é cultura." De acordo com ele, músicas e artistas de sucesso na periferia são quase um enigma para setores da elite, que não dialogam com essa produção e a rejeitam.
Há dificuldades também na hora de abordar as classes C, D e E, geralmente um processo feito de cima para baixo e que, por isso, têm pouco resultado. "Não existe catequização para falar com esse público", afirmou Renato Meirelles, CEO do instituto de pesquisas Data Popular. Deixar de conversar com esses internautas é perder uma grande oportunidade. "Os brasileiros das classes C e D movimentam 378 bilhões de reais só em salário."
Um celular, muitos chips
Dados do Data Popular mostram que 64% dos aparelhos desse grupo têm entre dois e quatro chips. "Você vê a agenda de telefones do cara e os nomes têm a operadora do lado. É o João da Silva Oi, a Maria de Lurdes Vivo", disse Meirelles. De acordo com ele, metade das pessoas que acessam internet por banda larga no país são das classes C, D e E. "Ninguém vai conseguir relevância se não estiver olhando para esse público."
As periferias estão conectadas e têm internet banda larga. "Dois pontos de Wi-Fi resolvem o problema da Cohab inteira, e cada um está pagando 'cincão'", afirmou o CEO do Data Popular.
Num cenário ainda distante da ação das agências de publicidade, a capacidade de viralização é enorme. "Quando a gente fez o primeiro clipe do Terra Preta, pensamos em como divulgar isso", disse Toddy Ivon, produtor e diretor de vídeos musicais. "A gente começou a tuitar." Sem qualquer estratégia de marketing, o clipe foi disseminado pela web e se tornou um dos assuntos mais discutidos do microblog no dia.
Apesar das dificuldades para dialogar com as classes C, D e E, a cultura produzida por elas está cada vez mais chegando à elite. Segundo os palestrantes, novas tendências e modas estão surgindo na periferia e sendo absorvidas.
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Instituições governamentais e empresas têm extrema dificuldade para entender esse público, aceitá-lo e conversar com ele. "Não é chegar e botar o menino para tocar violino, que é o que faz o governo", afirmou Renato Barreiros, roteirista e pesquisador. "Parece que o que eles fazem não é cultura." De acordo com ele, músicas e artistas de sucesso na periferia são quase um enigma para setores da elite, que não dialogam com essa produção e a rejeitam.
Há dificuldades também na hora de abordar as classes C, D e E, geralmente um processo feito de cima para baixo e que, por isso, têm pouco resultado. "Não existe catequização para falar com esse público", afirmou Renato Meirelles, CEO do instituto de pesquisas Data Popular. Deixar de conversar com esses internautas é perder uma grande oportunidade. "Os brasileiros das classes C e D movimentam 378 bilhões de reais só em salário."
Um celular, muitos chips
Dados do Data Popular mostram que 64% dos aparelhos desse grupo têm entre dois e quatro chips. "Você vê a agenda de telefones do cara e os nomes têm a operadora do lado. É o João da Silva Oi, a Maria de Lurdes Vivo", disse Meirelles. De acordo com ele, metade das pessoas que acessam internet por banda larga no país são das classes C, D e E. "Ninguém vai conseguir relevância se não estiver olhando para esse público."
As periferias estão conectadas e têm internet banda larga. "Dois pontos de Wi-Fi resolvem o problema da Cohab inteira, e cada um está pagando 'cincão'", afirmou o CEO do Data Popular.
Num cenário ainda distante da ação das agências de publicidade, a capacidade de viralização é enorme. "Quando a gente fez o primeiro clipe do Terra Preta, pensamos em como divulgar isso", disse Toddy Ivon, produtor e diretor de vídeos musicais. "A gente começou a tuitar." Sem qualquer estratégia de marketing, o clipe foi disseminado pela web e se tornou um dos assuntos mais discutidos do microblog no dia.
Apesar das dificuldades para dialogar com as classes C, D e E, a cultura produzida por elas está cada vez mais chegando à elite. Segundo os palestrantes, novas tendências e modas estão surgindo na periferia e sendo absorvidas.
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