Seguidores

domingo, 9 de outubro de 2011

Pesquisadores discutem propostas de sustentabilidade para a Rio+20


BRASÍLIA - Pesquisadores brasileiros envolvidos com a temática da sustentabilidade ambiental já buscam antecipar parte das análises que serão apresentadas na Conferência Rio+20, a ser realizada em 2012 pela Organização das Nações Unidas (ONU) na cidade do Rio de Janeiro. Parte dos acadêmicos estiveram debatendo as publicações científicas com enfoque em projetos e políticas públicas associadas ao tema durante evento promovido pela Sociedade Brasileira de Economia Ecológica (Ecoeco) nesta semana.

O professor Peter May, fundador da entidade, considera importante que os pesquisadores brasileiros consigam evoluir no debate sobre a "economia verde", no momento em que os fóruns internacionais estão propensos a cobrar ações mais significativas de redução de danos ao meio ambiente. Esse, segundo ele, será um dos debates mais fortes da Rio+20.

Ele considera que, embora o Brasil tenha se destacado por cumprir metas de desmatamento e se tornado um dos precursores em programas de produção e uso de biocombustíveis e carros com motor flex-fuel (bicombustível), o país ainda tem muito a avançar em propostas que atrelem o crescimento da economia à preservação do meio ambiente. "Se déssemos atenção maior a projetos como estes, o Brasil já poderia exportar tecnologia verde", afirmou o professor, em entrevista concedida nesta sexta-feira, último dia da nona edição do encontro promovido pela Ecoeco.

"Estamos caminhado para um processo cada vez mais intenso de medição monetária dos fatores ambientais", disse May. O professor aposta que, durante a Rio+20, serão assumidos novos compromisso de sustentabilidade pelos chefes de Estados. No entanto, outro tema que, segundo ele, ganhará destaque é a viabilidade de serem instituídos novos mecanismos de controle das metas assumidas nos protocolos assinados.

May acredita que parte das autoridades dos países envolvidas na discussão sobre sustentabilidade tende a buscar o consenso sobre a criação de uma representação supranacional responsável por acompanhar o cumprimento das metas. Um exemplo de entidade internacional próxima ao que já foi idealizado é a Organização Mundial do Comércio (OMC), que pode inclusive aplicar sanções aos países que descumprem normas.

Críticas
No evento, que teve o tema "Políticas Públicas e a Perspectiva da Economia Ecológica", chegou-se a questionar a sustentabilidade ambiental de ações de governo. May disse que o programa do biodiesel tem o ponto negativo de permitir o uso predominante da soja em detrimento de uma variedade de matéria prima com nível de maior eficiência de óleo.

O professor afirmou que outro foco de discussão dos pesquisadores esteve voltado para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, os projetos de modelo alternativo do setor energético, que dispõem de grande potencial de sustentabilidade, ainda não receberam atenção do governo, havendo maior participação de fontes tradicionais de produção de energia - como a geração de energia elétrica de base hídrica e produção de petróleo e gás natural.

Outro ponto de discordância com a política do governo esteve relacionado a medidas pontuais adotadas para aquecer a economia por meio do estímulo ao consumo. May citou o exemplo da redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para compra de carros. Ele ressaltou que a decisão foi tomada sem que fosse dimensionado impacto do aumento de emissões de poluentes e o incentivo à compra de veículos de uso individual.

(Rafael Bitencourt | Valor)
http://economia.uol.com.br

0 comentários:

Postar um comentário